Um
auto é um gênero dramático, geralmente com elementos cômicos e moralizadores:
comédia dramática. O Auto da Compadecida, peça teatral de Ariano Suassuna,
é uma das obras deste gênero mais conhecidas no Brasil. Tanto que acabou se
tornando minissérie e filme. Esta peça projetou o autor nordestino pelo Brasil,
e foi até considerado o texto mais popular do moderno teatro brasileiro.
A obra teve seu lançamento no ano de 1955, mas só veio a ser encenada
pela primeira vez em 1956, em Recife, Pernambuco. Trata-se de uma história
vivida no Nordeste Brasileiro,
contendo fortes elementos da tradição e da cultura, além da forte influência da literatura de cordel.
Possui também um enredo todo voltado para a religiosidade católica, e traz
influência do barroco católico brasileiro: mistura tradição religiosa com
cultura popular.
Quanto à linguagem, é fortemente influenciada pelo vocabulário e
linguagem oral da região nordestina, utiliza muitos regionalismos e se ajusta à
linguagem dos personagens segundo sua classe social.
A peça é escrita em pantomima , teatro de rua, e por isso
possui um personagem que é apresentador, ou seja, ele entra na trama para
conversar com o público.
Os protagonistas da história são João Grilo, um homem pobre,
porém muito inteligente, que se aproveita das situações sempre a seu favor e Chicó,
seu melhor amigo, que se caracteriza por ser covarde e mentiroso.
Além destes, há diversos outros personagens, como:
O padeiro, patrão de Chicó, e sua mulher adúltera que se diz santa.
Ambos são muito avarentos.
Padre João, o pároco, que é racista e avarento, o Bispo, também muito
avarento, e o Frade, um homem honesto e de bom coração.
O Sacristão da paróquia, que é desconfiado e conservador.
Severino, o cangaceiro, e sua tropa; e Antonio Morais, o major, que
amedronta a todos com seu poder.
Personagens celestiais: A Compadecida (Nossa Senhora) e Emanuel (Jesus
Cristo).
Encourado, que é a encarnação do Diabo, e Satanás, o servo fiel do
Encourado.
Quanto ao enredo, a história é repleta de peripécias, como o enterro do
cachorro, o instrumento capaz de ressuscitar mortos e o gato que “descome”
dinheiro.
A história é uma sátira aos poderosos, critica a hipocrisia presente na
sociedade através do tipos como o Padre, o Major, o Padeiro, etc. Critica
também o materialismo e a discriminação com os pobres.
Apresenta os valores religiosos e morais, e termina com o julgamento das
personagens perante o acusador (Satanás), a Compadecida (defensora dos mesmos)
e Emanuel (o próprio filho de Deus).