sábado, 16 de fevereiro de 2019

Tendências pedagógicas no ensino da Arte no Brasil



No Brasil se destacam duas tendências pedagógicas do ensino da Arte a a idealista liberal: propõe uma educação que garanta uma sociedade igual e democrática; e a realista progressista: surgiu nos anos 60 e propõe que escola pública seja responsável pela a conscientização do povo.

Arte na escola tradicional seguia os modelos educativos americanos, belgas e ingleses, se copiava e transcrevia literal mente as propostas de desenho de Walter Smith, sem qualquer relação com o contexto. Dedicava-se a preparar os alunos para o trabalho fabril, na concepção neoclássica: ênfase na linha, no contorno, no traçado e na configuração. Até o século XX. Entre 1930 e 1970, o currículo de artes no Brasil era: desenho natural, desenho decorativo, desenho geométrico, desenho pedagógico nas escolas normais

 Nos anos 50 foram incorporados o canto orfeônico, nos anos 30, trabalhos manuais diferenciando gêneros, e o teatro para via de apresentações comemorativas.

A metodologia utilizada na escola tradicional enfatizava o ensino dos conteúdos como verdades absolutas

Aspectos metodológicos da escola tradicional aprendizagem e receptiva mecânica, através da memorização e repetição, conteúdos descontextualizados, O educador como centro do processo de ensino, impondo disciplina, silêncio e atenção. E avaliação através da reprodução dos conteúdos expostos.

A Arte na escola nova chegou ao Brasil nos anos 30, tendo sua origem na Europa e nos EUA, defendia que a livre expressão da arte, a auto-expressão espontânea, livre influência de cânones, padrões e modelos de arte. Os principais defensores desse modelo de ensino foram: Dewey, Read e Lowelfeld.

A escola nova enfatiza como aspectos metodológicos os aspectos psicológicos, deixando os sociais; os conteúdos baseavam-se nas experiências vividas, o desenvolvimento do “aprender a aprender”. Pesquisar e solucionar problemas, a aprendizagem voltada para o aluno e baseada na descoberta, o professor como orientador, num ambiente democrático, respeitando os interesses e necessidades dos alunos.

A arte na escola tecnicista, surgiu nos EUA e chegou ao Brasil nos anos 60 e 70, com o objetivo de preparar os alunos para o mercado do trabalho. Sua proposta era baseada no behaviorismo, no uso do reforço, do condicionamento, do estimulo/resposta. A LDB 5692/71, coloca a educação artística nos currículos do ensino fundamental e médio, onde se trabalhava o desenho, musica, trabalhos manuais, cantos corais e artes.

Na década de 80 surgiram movimentos dos professores de arte: AESP (1982) e FAEB (1987).

A escola tecnicista tinha como aspecto metodológico a ligação da educação com o capitalismo, por isso, visava preparar os alunos para o trabalho, enfatizando a neutralidade cientifica, os trabalhos manuais, tecnologia educacional, módulos e auto-instrução - dirigida. O ensino deveria ser eficaz, o educador tinha um papel técnico, neutro e imparcial.

A Arte na escola libertadora apareceu como uma proposta ativa, baseada na interdisciplinaridade e nos temas geradores, tendo conteúdo da arte popular, com conteúdo político. Buscava a conscientização do povo, por uma escola democrática e de qualidade, e para todos. Paulo Freire propôs nesta perspectiva uma alfabetização de adultos.

Os aspectos metodológicos da escola libertadora tinham como prática não–formal e critica, questionando a relação homem/natureza/consciência/transformação. O professor era um animador, tendo uma postura dialógica enfatizando os saberes populares. Trabalhava-se com temas geradores, e aprendizagem era baseada na problematização e tomada de consciência da realidade.

A Arte na Escola libertária, baseava-se na autogestão nas instituições, numa pratica não-diretiva e na autonomia de educadores e educandos. Os conteúdos eram compostos das necessidades e interesses dos grupos, o educador era um conselheiro, monitor, o importante era o crescimento em grupo.

A Arte na Escola crítico-social dos conteúdos, surgiu na década de 70, enfatiza a experiência do educando com os conteúdos, na sua participação social e exercício consciente da cidadania. O educador tem papel importante, a conscientização política ocorre na pratica social ampla do cidadão.

Os aspectos metodológicos da escola crítico-social dos conteúdos buscam uma unidade entre teoria e pratica, para um educando consciente e crítico, os conteúdos são baseados na cultura universal a as realidades sociais, o educador é um mediador da experiência do aluno e o saber, objetivando a saída do conhecimento do senso comum para um saber sistematizado, vinculado a prática social concreta.

Arte na escola construtivista, tem como marco a LDB 9394/96, em que a arte é componente curricular obrigatório, definido nos PCNs de Arte, em quatro linguagens: artes visuais, dança, música e teatro. Podendo ser trabalhados em três eixos: fazer artístico do aluno, a apreciação do aluno e a reflexão sobre a arte como objeto sociocultural e histórico. Juntamente com os temas transversais.

Os aspectos metodológicos da escola construtivista propõem uma aprendizagem feita pela resolução de problemas, tendo o aluno decisões a tomar, colocando o seu conhecimento dos conteúdos envolvidos. A construção, o relativismo e a interação são fatos da aprendizagem. Os conteúdos devem ter utilidade social, partindo-se do conhecimento prévio do aluno, para novas aprendizagens. A escola trabalha em conjunto com órgãos, comunidade e família para uma pratica educativa inclusiva e participativa de ressignificação da escola. O professor observa e avalia o seu aluno em todos os aspectos do processo de aprendizagem, buscando sempre metodologias diferencias quando os alunos apresentam dificuldades.

Os 4 pilares de Jacques Delors, definidos pela UNESCO ,a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI de 96, (saber saberes, saber fazeres, saber ser e saber ser no convívio com o outro, se fazem presentes na pratica pedagógica e buscam a recuperação dos valores humanos fundamentais.



FONTE PESQUISADA

SCHRAMM, Marilene de Lima Körting. As tendências pedagógicas e o ensino-aprendizagem da arte. In: PILLOTTO, Silvia Sell Duarte; SCHRAMM, Marilene de Lima Körting (Org.). Reflexões sobre o ensino das artes. Joinville: Ed. Univille, 2001. v. 1, p. 20-35.

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Monólogo dramático