Zeneide P. Cordeiro,
arte-educadora.
DIDÁTICA UMA RETROSPECTIVA
HISTÓRICA (VEIGA, Ilma Passos Alencastro, SP. Papirus, 2004).
O estudo sobre a retrospectiva histórica da didática
abrange duas partes: a primeira sobre o papel da didática antes de sua inclusão
nos cursos de formação de professores a nível superior (1549-1930). A segunda
reconstrói a trajetória da didática a partir da década de 30 até a atualidade.
Durante quase todo o período colonial os jesuítas foram os
educadores do Brasil. Índios e negros foram catequisados e os descendentes dos
colonizadores foram instruídos. A educação se preocupava com o ensino humanista
da cultura geral e enciclopédico; era alicerçada na Summa Theológica de São
Tomás de Aquino. A ação pedagógica privilegiava o exercício da memória e o
desenvolvimento do raciocínio; dedicava atenção ao preparo dos padres-mestres,
dando ênfase a formação do caráter e a formação psicológica para conhecimento
de si e do aluno. Este modelo de educação durou até a expulsão dos jesuítas por
Pombal, em 1759. Pombal tentou secularizar a educação, com o objetivo que ela
fosse assumida pelo estado, o que provocou um retrocesso. O ensino religioso
foi suprimido nas escolas públicas e o estado passou a assumir a laicidade. Sob
a influência do positivismo, é aprovada a reforma de ensino proposta por
Benjamim Constant. A escola busca disseminar uma visão burguesa de mundo e
sociedade, a fim de garantir a consolidação da burguesia industrial como classe
dominante. Desta forma a didática na pedagogia tradicional leiga, está centrada
no intelecto, na essência, atribuindo um caráter dogmático aos conteúdos. O
período de 1930 a 1945 é marcado pelo equilíbrio entre as influências das
concepções humanistas tradicionais e humanistas modernas. O Escolanovismo
defende os princípios democráticos. A criança é vista como ser dotados de
poderes individuais, sua liberdade, iniciativa e interesse, devem ser
respeitados. De 1945 a 1960 esta fase corresponde à aceleração e diversificação
do processo de substituição de importações e a penetração do capital
estrangeiro. Dois caminhos delineavam para o desenvolvimento: o de tendência
populista e o de tendência antipopulista. Nesta fase o ensino da didática
também se inspirava no liberalismo e no pragmatismo. Voltava-se para as
variações do processo de ensino sem considerar o contexto político-social. O
período pós-1964, foi marcado por dois momentos: o que se implantou o regime
militar e se traçou a política de recuperação econômica; constatou-se uma
aceleração do ritmo do crescimento da demanda social de educação, o que
culminou com a crise do sistema educacional. Os conteúdos do curso de didática
centram-se na organização racional do processo de ensino. O processo é que
define o que os professores e alunos devem fazer e como farão. A didática
tecnicista é concebida como estratégia para o alcance dos produtos previstos
para o processo ensino-aprendizagem. A partir dos anos 90 até os dias atuais
período marcado pelas ideias neoliberais, dominado pelo pensamento técnico
cientifico.
Na
atualidade se discute os enfoques do papel da didática de duas perspectivas:
voltada para a formação do tecnólogo do ensino; o segundo enfoque procura
favorecer e aprofundar a perspectiva crítica, voltada para a formação do
professor como agente social.
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