sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

APONTAMENTOS SOBRE O SURGIMENTO DA ÓPERA

A Ópera passou por diversas reformas com intuitos distintos em relação à forma, à temática e à construção melódica. Essas reformas interferiram na encenação e influenciaram o teatro.
A ópera surgiu na transição do século XVI para o XVII, em um colegiado de nobres de Florença conhecido como Camerata Fiorentina, destinada ao estudo da cultura clássica, a Camerata era composta por músicos amadores, todos, membros da aristocracia italiana. Esses nobres se dedicavam ao estudo da cultura clássica, em especial do teatro grego, no qual se inspiraram para inaugurar um novo gênero: o drama musical. Abandonando a estética musical vigente, os florentinos buscavam a fidelidade à palavra recitada, capaz de captar o ouvinte através da expressão objetiva do potencial melódico da fala do orador. Com isso, desenvolveram uma nova maneira de escrever música para voz: o estilo Recitativo, um intermediário entre a recitação falada e a canção. Com base nessa nova música, os florentinos compuseram duas obras dramático-musicais, Dafne (Peri, 1597) e L’Euridice (Rinuccini e Peri, 1600), ambas com enredo baseado em passagens da mitologia clássica, como seria costume até o início do século XVIII. No entanto, foi só dez anos mais tarde, que surgiu a obra que até hoje é considerada o marco inicial da escrita da ópera: L’Orfeo, de Claudio Monteverdi. Claudio Giovanni Antonio Monteverdi (1567-1643) foi um dos mais importantes compositores do período renascentista e do Barroco, devido à versatilidade das suas composições, que alternam o estilo renascentista e as técnicas que surgiam no início do século XVII. Monteverdi elevou a ópera a um gênero de suma importância na história da música, rompendo com os maneirismos da Camerata Fiorentina. Os nobres músicos florentinos acreditavam que a palavra por si só era capaz de transmitir emoções aos ouvintes. Portanto, compunham de modo a deixar o texto perfeitamente compreensível, utilizando alguns efeitos; como variação de altura, timbre, andamento, apenas para ressaltar a sua expressividade natural, que deveria sempre estar submetido à prosódia da fala do orador, o cantor.
Monteverdi acreditava no poder do texto combinado com a música, esta liberta das restrições prosódicas impostas pela palavra. Para isso, conferiu dramaticidade à estrutura da ópera, cuja música não se submeteria ao texto, mas o reforçaria, fazendo com que a emoção humana pudesse ser percebida no todo artístico, e não apenas nas palavras recitadas.
Em busca disso, tornou os trechos cantados em recitativo mais amplos e contínuos, através de uma cuidadosa organização tonal e um alto grau de lirismo nos momentos-chave. Deu maior continuidade e coerência à ação, tornando-a mais unificada, inter-relacionando drama e música. L'Orfeo pode ser considerado a primeira ópera que foi além da poesia lírica musicada, fruto da combinação da tradição (estilo renascentista) com a música moderna (estilo barroco), enriquecida pelos conhecimentos musicais e a imaginação criativa de Claudio Monteverdi. Por conta da sua relevância, a obra é considerada o marco inaugural do período Barroco e a peça que encerra o Renascimento musical.

REFERÊNCIA:
http://www.lpm.com.br/livros/Imagens/guia_da_opera.pdf. Acesso: 03/02/2017. 14h.
http://www.artcultura.inhis.ufu.br/PDF17/M_Coelho_17.pdf. 03/02/2017. 16h.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

AS ESFERAS PÚBLICAS. ARENDT, Hanna.

As coisas e os homens constituem o ambiente de cada uma das atividades humanas, que não teriam sentido sem tal localização.
O mundo ao qual vivemos não existiria sem a atividade humana que o produziu, como o caso de coisas fabricadas. Nenhuma vida humana é possível sem um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe a presença de outros seres humanos. Todas as atividades são condicionadas pelo fato de que os homens vivem juntos, mas a ação é a única que não pode sequer ser imaginada fora da sociedade dos homens. Só a ação depende inteiramente da constante presença de outros. O surgimento da cidade-estado significava que homem recebera, além da sua vida privada, uma espécie de segunda vida, o seu bios político. Cada cidadão pertence a duas ordens de existência e há uma grande diferença em sua vida entre aquilo que lhe é próprio e o que é comum. O ser político, o viver numa polis, significava que tudo era decidido mediante palavras e persuasão e não através da violência.
A liberdade situa-se exclusivamente na esfera política, a necessidade é primordialmente um fenômeno pré-político, característica da organização do lar privado, a força e a violência são justificadas nesta última esfera por serem os únicos meios de vencer a necessidade.

A política jamais visa à manutenção da vida. Os homens agem em relação às suas atividades econômicas.

Monólogo dramático