O teatro expressionista designava uma atitude moral, uma
concepção do mundo e uma atitude intelectual implicando uma teoria do
conhecimento, uma metafísica e uma ética. Os fundamentos do teatro expressionista
são: reação contra o passado e a defesa da expressão da subjectividade.
O sentido de ruptura do teatro expressionista é presente na situação
histórico-social em que o expressionismo surgiu, como: a I Primeira Guerra
Mundial, desagregação do império austro-húngaro e do II Reich alemão, Revolução
de Outubro na Rússia, movimentos operários e militares, revoluções alemãs de
1918 e 1919 em Berlim e Munique, transformação de um país agrícola, como a
Alemanha, em estado capitalista e industrial, com as consequências da divisão
de trabalho, da explosão urbana e miséria social, da exploração capitalista, da
censura e da repressão.
As principais características do teatro expressionista são;
oposição da realidade, renúncia a imitação do mundo exterior, expressividade
exagerada de modo a atingir diretamente o público, todos os elementos da cena
como artistas, cenário, luz e música causam impacto ao espectador.
No teatro expressionista os personagens mudam de identidade,
podendo assumir o papel de coisas. Os artistas dramatizam o que não é real de
modo que a realidade apareça distorcida. Em algumas, peças é comum a realização
de sobreposições de gravações na narrativa, em um processo quase
cinematográfico, para poder expor o que está pensando o personagem. Tem forte
influência do romantismo, movimento artístico que no teatro valorizava um forte
exagero, deformação de figuras e a busca pela expressão dos sentimentos e
emoções do autor e a essência do drama se dá através da ação antinaturalista.
A noção de identidade supõe a crença numa História dotada de
sentido e o Expressionismo sublinha, pelo contrário, o fim da História que
Nietzsche anunciara com a “morte de Deus”. O homem moderno que se retrata neste
teatro é um “ser da angústia”, como dirá Heidegger nos seus primeiros
trabalhos. O inconsciente escapa-se ao indivíduo e tende ao anonimato do
colectivo, como o afirma a psicanálise no seu trajecto teórico de Freud ao seu
discípulo Jung.
O teatro expressionista surgiu como reação contra o realismo
e o romantismo que valorizavam as aparências reais da vida material. Assim, os
espetáculos expressionistas enfatizam a evolução psicológica do personagem, suas
ideias de libertação e ideologias que visam transformar a sociedade. A
expressão exagerada é a essência étnica e filosófica dessa corrente artística.
As primeiras produções do teatro expressionista foram: O
Mendigo de Sorge, de 1912, representada somente em finais de 1917, O Filho de
Hasenclever, de 1914, O Parricida de Bronnen, de 1913, A Família de F. von
Unruh, de 1915, Batalha Naval de Göring, de 1917, as peças de Georg Kaiser,
escritas a partir de 1916, sobretudo Gás, Um Dia de Outubro e Da Aurora à
Meia-Noite. Referem-se como as últimas produções do drama expressionista as
peças O Homem-Massa de Toller, de 1920, Hinker-mann, Os Homens e A Escolha de
Hasenclever, e também Tambores na Noite de Brecht, representada em 1922, ou,
para outros, Baal, do mesmo Brecht, representada em 1923, que o autor afirma,
aliás, ter escrito (em 1919) contra o idealismo da peça O Soli-tário de Hans
Johst.
A trama expressionista se designa predominantemente com o monólogo
lírico-dramático, a balada dramáti-ca, a par da utilização em simultâneo de
prosa e ver-so e de “Songs”, uma técnica usada no cabaret e muito frequente nos
populares espectáculos de Wedekind. É igualmente recorrente o recurso a um
narrador, com funções de condutor da ação, ecurso à técnica cinemática da
“montagem”, isto é, a justaposição, surpreendente, de factos retira-dos do seu
contexto próprio.
FONTE DE PESQUISA
CALHEIROS, Luis. As
vésperas do expressionismo. Disponível em:
<www.ipv.pt/millenium/16_pers2.htm>. Acesso em: 09/05/2018.
EISNER, Lotte. A tela
demoníaca. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
Filmes
O estudante de Praga
(Der Student von Prag, Alemanha, 1913), dirigido por Stellan Rye.
O Gabinete do Dr.
Caligari (Das Kabinett des Doktor Caligari, Alemanha, 1920), dirigido por
Robert Wiene.