sábado, 27 de julho de 2019

O expressionismo no teatro


O teatro expressionista designava uma atitude moral, uma concepção do mundo e uma atitude intelectual implicando uma teoria do conhecimento, uma metafísica e uma ética. Os fundamentos do teatro expressionista são: reação contra o passado e a defesa da expressão da subjectividade.

O sentido de ruptura do teatro expressionista é presente na situação histórico-social em que o expressionismo surgiu, como: a I Primeira Guerra Mundial, desagregação do império austro-húngaro e do II Reich alemão, Revolução de Outubro na Rússia, movimentos operários e militares, revoluções alemãs de 1918 e 1919 em Berlim e Munique, transformação de um país agrícola, como a Alemanha, em estado capitalista e industrial, com as consequências da divisão de trabalho, da explosão urbana e miséria social, da exploração capitalista, da censura e da repressão.

As principais características do teatro expressionista são; oposição da realidade, renúncia a imitação do mundo exterior, expressividade exagerada de modo a atingir diretamente o público, todos os elementos da cena como artistas, cenário, luz e música causam impacto ao espectador.

No teatro expressionista os personagens mudam de identidade, podendo assumir o papel de coisas. Os artistas dramatizam o que não é real de modo que a realidade apareça distorcida. Em algumas, peças é comum a realização de sobreposições de gravações na narrativa, em um processo quase cinematográfico, para poder expor o que está pensando o personagem. Tem forte influência do romantismo, movimento artístico que no teatro valorizava um forte exagero, deformação de figuras e a busca pela expressão dos sentimentos e emoções do autor e a essência do drama se dá através da ação antinaturalista.

A noção de identidade supõe a crença numa História dotada de sentido e o Expressionismo sublinha, pelo contrário, o fim da História que Nietzsche anunciara com a “morte de Deus”. O homem moderno que se retrata neste teatro é um “ser da angústia”, como dirá Heidegger nos seus primeiros trabalhos. O inconsciente escapa-se ao indivíduo e tende ao anonimato do colectivo, como o afirma a psicanálise no seu trajecto teórico de Freud ao seu discípulo Jung.

O teatro expressionista surgiu como reação contra o realismo e o romantismo que valorizavam as aparências reais da vida material. Assim, os espetáculos expressionistas enfatizam a evolução psicológica do personagem, suas ideias de libertação e ideologias que visam transformar a sociedade. A expressão exagerada é a essência étnica e filosófica dessa corrente artística.

As primeiras produções do teatro expressionista foram: O Mendigo de Sorge, de 1912, representada somente em finais de 1917, O Filho de Hasenclever, de 1914, O Parricida de Bronnen, de 1913, A Família de F. von Unruh, de 1915, Batalha Naval de Göring, de 1917, as peças de Georg Kaiser, escritas a partir de 1916, sobretudo Gás, Um Dia de Outubro e Da Aurora à Meia-Noite. Referem-se como as últimas produções do drama expressionista as peças O Homem-Massa de Toller, de 1920, Hinker-mann, Os Homens e A Escolha de Hasenclever, e também Tambores na Noite de Brecht, representada em 1922, ou, para outros, Baal, do mesmo Brecht, representada em 1923, que o autor afirma, aliás, ter escrito (em 1919) contra o idealismo da peça O Soli-tário de Hans Johst.

A trama expressionista se designa predominantemente com o monólogo lírico-dramático, a balada dramáti-ca, a par da utilização em simultâneo de prosa e ver-so e de “Songs”, uma técnica usada no cabaret e muito frequente nos populares espectáculos de Wedekind. É igualmente recorrente o recurso a um narrador, com funções de condutor da ação, ecurso à técnica cinemática da “montagem”, isto é, a justaposição, surpreendente, de factos retira-dos do seu contexto próprio.


FONTE DE PESQUISA


CALHEIROS, Luis. As vésperas do expressionismo. Disponível em: <www.ipv.pt/millenium/16_pers2.htm>. Acesso em: 09/05/2018.
EISNER, Lotte. A tela demoníaca. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
Filmes
O estudante de Praga (Der Student von Prag, Alemanha, 1913), dirigido por Stellan Rye.
O Gabinete do Dr. Caligari (Das Kabinett des Doktor Caligari, Alemanha, 1920), dirigido por Robert Wiene.

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Monólogo dramático