sábado, 12 de março de 2016

ARTE BARROCA NO BRASIL

A arte barroca chegou ao Brasil por meio da Companhia de Jesus (Minas Gerais).
No Brasil o barroco possuiu características singulares, nasceu mestiço como seus criadores, com influências culturais, históricas e sociais de Portugal e do Brasil. Muitas vezes seu esplendor se esconde no interior das pequenas igrejas de paredes de taipa, quadradas e brancas, revelando-se com impacto quando se abrem as portas.
Com a ocupação do território brasileiro, houve também a instalação das ordens religiosas e o surgimento das vilas e cidades litorâneas. Os primeiros templos seguiam diretamente o modelo cultural europeu. Neles utilizavam-se modelos arquitetônicos e peças construtivas e decorativas trazidas diretamente de Portugal. No entanto, não configura, absolutamente, falta de originalidade nas expressões artísticas dessa nova sociedade. Os Estados da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro,
São Paulo e Rio Grande do Sul receberam a influência do barroco, mas foi em Minas que o estilo teve seu apogeu. A descoberta de ouro e diamante em Minas Gerais, em fins do século XVII e início do XVIII, provocou uma corrente migratória sem precedentes na história da colonização brasileira, deslocando, para o interior, a atenção dos colonizadores portugueses, até então concentrada no litoral. A fim de fiscalizar a saída do ouro e controlar as populações locais, a Coroa proibiu a entrada de ordens religiosas no território mineiro, o que gerou uma cultura sem grandes raízes às tradições religiosas. Sendo assim, a arquitetura barroca em Minas Gerais adotou uma estética peculiar, uma vez que não havia os conventos e colégios das grandes ordens religiosas. Além disso, a distância do litoral e as dificuldades de importação de materiais vão dar ao Barroco Mineiro uma expressão particular
marcada pelo regionalismo. Nesse contexto, a sociedade se torna mais flexível, menos rígida com os artistas mulatos e caboclos, o que, consequentemente, faz surgir artistas leigos, incluindo mestiços nascidos na própria colônia, mais independentes que seus antecessores. É nesse sentido que o Barroco desenvolvido em Minas Gerais ganhou expressão particular no contexto brasileiro, firmando-se como um estilo diferenciado. As primeiras aglomerações que se formaram para a exploração do ouro geravam capelas menores, pautadas pela simplicidade das formas arquitetônicas. Todavia, os interiores apresentavam grande riqueza decorativa. Entre essas, o mais sugestivo exemplar é a Capela de Nossa Senhora do Ó, em Sabará. Em contraponto à chanfrada muito simples, o interior deslumbra com o conjunto de talhas, painéis pintados e decorações em “chinesices” a ouro sobre fundo de cores quentes, decorrentes da vinda de jesuítas portugueses provenientes de Macau, colônia portuguesa na China. Em Ouro Preto, encontra-se outra construção com características similares. Trata-se da Capela de Nossa Senhora do Rosário, conhecida popularmente como Capela do Padre Faria, na qual se nota um exterior bastante simples. Porém, seus altares - o altar-mor e dois laterais - encontram-se entalhados e decorados em belíssima policromia dourada.
A partir das décadas de 1730-40, um novo estilo surge na talha mineira, direcionado ao gosto de D. João V. É a vez dos retábulos estruturados por colunas torsas arrematado por dosséis e com presença sólida de anjos, meninos e elementos escultóricos; revestimento em talha dourada e policromia em azul, vermelho e branco. Nesse grupo, inserem-se as matrizes de Nossa Senhora do Pilar e Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, ambas em Ouro Preto. Na segunda metade do setecentos, há uma caracterização da modificação dos retábulos, isto é, o desaparecimento dos dosséis e maior harmonia dos ornatos. Nesse momento, entra em cena Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), como arquiteto, entalhador e santeiro, deixando um importante legado de arte rococó. Os retábulos não tiveram padrão único, diversificando-se às preferências dos artistas e ao gosto das irmandades que encomendavam as obras. Uma característica marcante das igrejas do Rococó Mineiro são as amplas pinturas ilusionistas dos tetos, que, juntamente com o retábulo principal, funcionam como focos prioritários de atenção, atraindo o olhar ao se deslocar no recinto da nave. Destaca-se, nesse período, a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto, a qual, além dos trabalhos de Aleijadinho, possui trabalhos de pintura e douramentos de Manuel da Costa Ataíde - Mestre Ataíde (1762-1837). Os templos mineiros estão povoados por imagens sacras de Barroco-Rococó, ora vindas diretamente de Portugal, ora executadas na colônia por santeiros anônimos ou por mestres identificados como Aleijadinho, Francisco Xavier de Brito, entre outros. As escolas de pintura mineira, quase sempre
compostas por pintores mulatos, criaram mais de cem abóbadas de foros policromados, que vão da perspectiva barroca ao rococó, contando com nomes como Manoel da Costa Ataíde, João Nepomuceno Correia e Castro, entre outros.
Muitos foram os artistas que contribuíram para o engrandecimento do Barroco no Brasil. Quando o estilo já estava concatenado ao contexto nacional, apareceram, justamente em Minas Gerais, duas figuras célebres que o levaram ao auge e que iluminaram também o seu fim como corrente estética dominante: Aleijadinho, na arquitetura e na escultura, e, na pintura, Mestre Ataíde. O amarelo, o ouro e o sol simbolizam a união da alma de Deus, a luz revelada aos profanos, sendo o amarelo, o ouro e o sol, os três graus dessa revelação. Mesmo sendo o ouro um metal, consolida-se na prática da iconografia. Se as cores se expressam como a luz refletida, traria o simbolismo de ser a própria luz; pura e genuína. As cores têm um papel fundamental na iconografia; sua função não fica apenas no âmbito estilístico, mas deve levar um simbolismo atrelado à imagem a qual retrata. Ataíde faz viverem cores e imagens. As cores com que são pintados os altares, as figuras e imagens representam uma importância fundamental para a compreensão dos símbolos e para que se possa entender o tema da composição. Dessa forma, podemos assinalar o significado que trazem consigo as duas cores mais utilizadas por Ataíde: o vermelho e o azul. O vermelho é, na iconografia barroca, o amor, a caridade, a adoração a Deus, temor, proteção e êxtase diante do infinito desconhecido. É, ainda, martírio, sofrimento, realeza, poder absoluto.























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