sexta-feira, 11 de março de 2016

Arte Românica

Arte românica é o nome dado ao estilo artístico vigente na Europa entre os séculos XI e XIII. O estilo é visto principalmente nas igrejas católicas construídas após a expansão do cristianismo pela Europa e foi o primeiro depois da queda do Império Romano a apresentar características comuns em várias regiões. Haverá diferenças entre a arte executada nas diversas regiões europeias, de acordo com as influências regionais recebidas, mas haverá uma série de características comuns, que definem o estilo românico. As igrejas serão as maiores até então, nesta época existe uma evolução dos métodos construtivos e dos materiais. A pedra será empregada na construção e o telhado de madeira será trocado por abóbadas de berço e de aresta, mais condizentes com uma igreja que representa a fortaleza de Deus . Ao contrário da arte paleo-cristã, as igrejas serão ricamente decoradas externamente. A escultura em pedra em grande escala renasce pela primeira vez desde os romanos, atrelada à arquitetura, assim como a pintura.

A escultura e a pintura serão carregadas de esquematização e simbolismo, típico de um período em que o artista aprende a representar o que sente, e não somente o que vê. As características gerais da arquitetura românica:

I – substituição do teto de madeira por abóbadas.

II – grande espessura das paredes, poucas janelas.

III – consolidação das paredes por contrafortes ou gigantes para dar sustentação ao prédio.

IV – consolidação dos arcos por meio de arquivoltas.


 As igrejas de peregrinação foram muito características desse período. Elas ficavam no caminho para os locais sagrados, como Santiago de Compostela, Roma e Jerusalém, e serviam de apoio e pouso para os peregrinos, além de oferecer como atrativo as relíquias , objetos pertencentes a Jesus Cristo, a Maria e aos santos, como os cravos que pregaram as mãos e pés de Jesus, ou os espinhos da coroa, ou ainda fios de cabelo da Virgem. Essas igrejas seguiam a planta em forma de cruz latina, com várias naves, geralmente 03 ou 05, em que as naves laterais se prolongavam e passavam por detrás da ábside, formando o deambulatório. Do deambulatório saiam às capelas radiantes, ou absidíolas. Esse conjunto era característico das igrejas de peregrinação e ficou conhecido como cabeceira de peregrinação . Entre as igrejas desse tipo estão as de Saint-Sernin de Toulouse , Santiago de Compostela e Igreja de Saint-Martin de Tours . Saint-Sernin de Toulouse. Os mosteiros foram importantes para o estabelecimento da arquitetura românica, principalmente os das ordens de Cluny e Cister. Desse conjunto característico, a dependência a se destacar é o claustro, por vincular o mosteiro ao templo e por ser a dependência mais bem cuidada do ponto de vista artístico. Geralmente possuem quatro lados com tendência a formar quadrados perfeitos, e quatro corredores resultantes em pórticos abertos com arcadas sustentadas por colunas. A arquitetura em pedra vem reforçar a característica de monumentalidade e fortaleza, possível depois de toda a evolução dos meios construtivos. Os conjuntos arquitetônicos seguem, geralmente, a planta basilical, uma, três ou cinco naves. As colunas que sustentavam as abóbadas e um aspecto maciço e horizontal, mesmo que muitas das igrejas sejam bem altas. As paredes são cegas, pois não é possível, ou é muito difícil, abrir grandes janelas nas paredes, já que elas servem como estrutura e suportam todo o teto. Haverá grande decoração, externa e internamente, através de esculturas nos tímpanos nas portas de entrada e nos capitéis e colunas, e pintura parietal nas absides e abóbadas das naves. A escultura renasceu no românico, depois de muitos anos esquecida. Seu apogeu se dá no século XII, quando inicia um estilo realista, mas simbólico, que antecipa o estilo gótico. A escultura é sempre condicionada à arquitetura e todo trabalho é executado sem deixar espaços sem uso. As figuras entalhadas têm o tamanho do elemento onde foram esculpidas, e os trabalhos de superfície acomodam-se no lugar em que ocupam. Dessa característica parte também a ideia de esquematização. Outra importante característica é seu caráter simbólico e antinaturalista. Não havia a preocupação com a representação fiel dos seres e objetos. Volume, cor, efeito de luz e sombra, tudo era confuso e simbólico, representando muitas vezes coisas não terrenas, mas sim provenientes da imaginação. Mas não que isso seja uma constante em todo o período. Em algumas esculturas, nota-se a aparência clássica, influência da Antigüidade, como no Apóstolo, de Saint-Sernin de Toulouse. Capitel da abadia de Cluny. Abóbada de berço é uma abóbada construída como um contínuo arco de volta perfeita. Sua desvantagem é que havia o excesso de peso no teto de alvenaria o que causava grandes desabamentos, e a pequena luminosidade devido às janelas pequenas. A abertura de grandes vãos causava enfraquecimento da estrutura, facilitando ainda mais o desabamento. A abóbada de aresta consiste numa abóbada, construção que faz de cobertura côncava voltada para dentro, formada pela intersecção de duas abóbadas de berço com a mesma flecha. Com essa abóbada os construtores conseguiram leveza e uma maior iluminação. A pintura não se destacou tanto quanto a arquitetura nesse período. Os principais trabalhos são a pintura mural, as iluminuras e as tapeçarias. A pintura parietal, ou seja, executada nas paredes, era dependente da arquitetura, como pode-se deduzir, tendo aquela somente função didática. Em um período em que a grande maioria da população era analfabeta a pintura era uma forma de transmitir os ensinamentos do Cristianismo. A estilização e o alongamento de figuras são típicos da pintura romanesca. Os afrescos, de colorido sóbrio e escuro, também costumam aparecer com freqüência. Não é, entretanto, regra geral. As características essenciais da pintura românica foram colorimos e deformação. A deformação traduz os sentimentos religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam da realidade. O colorismo realizou-se no emprego de cores chapadas, sem preocupação com meios-tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza.  Também o desenvolvimento da ourivesaria foi importante nesse período. Essa arte teve um caráter religioso, tendo por isso se voltado para a fabricação de objetos com relicários, cruzes, estatuetas, Bíblias e para a decoração de altares. O desenvolvimento da ourivesaria está associado diretamente às relíquias, uma vez que as Igrejas eram objetos de maior peregrinação, atraindo não só fiéis, mas ofertas.


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