terça-feira, 6 de agosto de 2019

ROMANTISMO NO TEATRO


O teatro no Brasil, até então, era proveniente da Europa e tinha como principal objetivo agradar às elites brasileiras, que transformavam as apresentações em verdadeiros eventos sociais, principalmente nas grandes cidades.

Embora alguns escritores já houvessem se arriscado na dramaturgia brasileira, como Castro Alves e José de Alencar, cujas obras eram baseadas nas europeias, ainda não havia uma discussão sobre o perfil do teatro brasileiro. Foi apenas com Martins Pena que o teatro passou a refletir as cenas e as problemáticas da realidade brasileira.

Martins Pena

Luís Carlos Martins Pena nasceu no Rio de Janeiro, em 1815 e faleceu em Lisboa, em 1848. Proveniente de uma família abastada, nasceu no Rio de Janeiro e faleceu na cidade de Londres, na Inglaterra, Martins Pena é patrono da Academia Brasileira de Letras.

Suas obras estão classificadas no gênero "comédia de costumes", inaugurado por ele, e se empenham no retrato de situações cômicas da realidade brasileira compondo uma espécie de sátira social. Além disso, é responsável por criar tipos característicos e situações peculiares tanto no ambiente urbano quanto no ambiente rural. O malandro, o estrangeiro e a mulher (responsável por "segurar as pontas" da família), são talvez seus personagens mais característicos.

No retrato do ambiente urbano, Pena trabalha na sátira dos costumes da classe média carioca do século XIX, principalmente, com relação aos relacionamentos amorosos e a busca pela ascenção social. Pena escreve para as camadas mais populares, decorrendo daí a sua popularidade. Escreveu, durante sua curta vida, cerca de 28 peças tendo 19 delas sido encenadas na época.

Suas peças mais famosas são: O juiz de paz na roça (1842), Casadas solteiras (1845) e Os dois ou o inglês maquinista (1871).

Veja um trecho da peça Os dois ou o inglês maquinista:

CENA VII - Felício e Gainer

FELÍCIO – Estou admirado! Excelente idéia! Bela e admirável máquina!

GAINER (contente) – Admirável, sim.

FELÍCIO – Deve dar muito interesse.

GAINER – Muita interesse o fabricante. Quando este máquina tiver acabada, não precisa mais de cozinheiro, de sapateira e de outras muitas ofícias.

FELÍCIO – Então a máquina supre todos estes ofícios?

GAINER – Oh, sim! Eu bota a máquina aqui no meio da sala, manda vir um boi, bota a boi na buraco da maquine e depois de meia hora sai por outra banda da maquine tudo já feita.

FELÍCIO – Mas explique-me bem isto.

GAINER – Olha. A carne do boi sai feita em beef, em roast-beef, em fricandó e outras muitas; do couro sai sapatas, botas...

FELÍCIO (com muita seriedade) – Envernizadas?

GAINER – Sim, também pode ser. Das chifres sai bocetas, pentes e cabo de faca; das ossas sai marcas...

FELÍCIO (no mesmo) – Boa ocasião para aproveitar os ossos para o seu açúcar.

GAINER – Sim, sim, também sai açúcar, balas da Porto e amêndoas.

FELÍCIO – Que prodígio! Estou maravilhado! Quando pretende fazer trabalhar a máquina?

GAINER – Conforme; falta ainda alguma dinheira. Eu queria fazer uma empréstima. Se o senhor quer fazer seu capital render cinqüenta por cento dá a mim para acabar a maquina, que trabalha depois por nossa conta.

FELÍCIO (à parte) – Assim era eu tolo... (Para Gainer:) Não sabe quanto sinto não ter dinheiro disponível. Que bela ocasião de triplicar, quadruplicar, quintuplicar, que digo, centuplicar o meu capital em pouco! Ah!

GAINER (à parte) – Destes tolas eu quero muito.

FELÍCIO – Mas veja como os homens são maus. Chamarem ao senhor, que é o homem o mais filantrópico e desinteressado e amicíssimo do Brasil, especulador de dinheiros alheios e outros nomes mais.

GAINER – A mim chama especuladora? A mim? By God! Quem é a atrevido que me dá esta nome?

FELÍCIO – É preciso, na verdade, muita paciência. Dizerem que o senhor está rico com espertezas!

GAINER – Eu rica! Que calúnia! Eu rica? Eu está pobre com minhas projetos pra bem do Brasil.

FELÍCIO (à parte) – O bem do brasileiro é o estribilho destes malandros... (Para Gainer:) Pois não é isto que dizem. Muitos crêem que o senhor tem um grosso capital no Banco de Londres; e além disto, chamam-lhe de velhaco.

GAINER (desesperado) – Velhaca, velhaca! Eu quero mete uma bala nos miolos deste patifa. Quem é estes que me chama velhaca?

FELÍCIO – Quem? Eu lho digo: ainda não há muito que o Negreiro assim disse.

GAINER – Negreira disse? Oh, que patifa de meia-cara... Vai ensina ele... Ele me paga. Goddam!

FELÍCIO – Se lhe dissesse tudo quanto ele tem dito...

GAINER – Não precisa dize; basta chama velhaca a mim pra eu mata ele. Oh, que patifa de meia-cara! Eu vai dize a commander do brigue Wizart que este patifa é meia-cara; pra segura nos navios dele. Velhaca! Velhaca! Goddam! Eu vai mata ele! Oh! (Sai desesperado.)

ROMANTISMO NA LITERATURA


Texto adaptado do artigo: Romantismo na literatura. Disponível em: ROMANTISMO . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo12163/romantismo>. Acesso em: 27 de Jul. 2019.

Contexto histórico

O desenvolvimento do Romantismo no Brasil pode ser melhor compreendido em conjunto com o processo de emancipação política do país, que culminou com a Independência, em 1822. As ideias que dariam forma ao movimento ganham impulso a partir de 1808, quando a família real portuguesa se instala no Rio de Janeiro, declara a cidade a nova sede da monarquia e promove melhorias que transformam o Rio em importante centro urbano. A fundação de institutos de ensino, bibliotecas, casas tipográficas e, principalmente, de órgãos de imprensa contribuiu para agilizar a circulação de informações e a fermentação de ideias no país.

Embora tenha traços próprios, como a valorização da figura literária do índio, o Romantismo no Brasil é uma derivação do Romantismo europeu, que começa a tomar forma nos primeiros anos do século XIX com a publicação da obra dos poetas ingleses Wordsworth e Coleridge. O alemão Goethe, os franceses Alexandre Dumas e Victor Hugo e o russo Pushkin são alguns dos nomes mais importantes do movimento.

Em linhas gerais, o Romantismo pode ser visto como uma rejeição aos preceitos de ordem, calma, harmonia, equilíbrio, idealização e racionalidade que eram próprios do Classicismo e do Neoclassicismo. Entre as atitudes características estão: apreciação da natureza; exaltação da emoção em detrimento da razão; exame meticuloso da personalidade humana; preocupação com o gênio, o herói, e o foco em seus conflitos interiores; nova visão do artista como criador individual supremo; ênfase na imaginação como ponto de partida para experiências transcendentes; interesse pelas origens históricas e culturais da nação; predileção pelo exótico, estranho, oculto, monstruoso, doentio e até satânico.

No início do século XIX, o país assistiu a um fato decisivo para sua independência política e social: a chegada da corte de D. João VI. Assim que desembarcou no Rio de Janeiro, a família real adotou medidas para possibilitar a administração à distância. Entre elas, destacam-se a abertura dos portos, a fundação do Banco do Brasil, a criação dos tribunais de Finanças e de Justiça, a permissão para o livre funcionamento de indústrias, a implantação da imprensa. Ocorreram ainda as fundações da Academia Militar e da Biblioteca Real, com 60 mil volumes, que está na origem da Biblioteca Nacional. Paralelamente a isso, o florescimento do cultivo de café deslocava o eixo econômico de Minas Gerais para São Paulo, onde se concentravam as plantações. O Rio de Janeiro, porto de escoamento do produto, torna-se também capital literária e cultural do país.

A ascensão da burguesia, a emergência das profissões liberais e o desenvolvimento da instrução pública possibilitam a ampliação dos grupos letrados, que aos poucos quebram o monopólio de poder, até então concentrado nas mãos da aristocracia rural. Com a ampliação da classe média, o lazer torna-se parte importante do cotidiano da burguesia, a instrução feminina passa a ser valorizada, a educação melhora, fundam-se bibliotecas e a imprensa se torna mais atuante nos principais centros urbanos.

A curiosidade sobre o país, que então definia suas fronteiras geográficas, também aumenta. O interesse pelos estudos sobre economia, população, fauna, flora e costumes do país culmina na fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838. As ciências naturais e os estudos históricos também se desenvolvem.

As tipografias e casas impressoras proliferam, e o livro começa a ser publicado com maior regularidade, circulando com mais facilidade pelo país. A qualificação do público e a ampliação do leitorado dão mais popularidade aos escritores que, pela primeira vez, conhecem o sucesso em vida. Imbuídos de missão civilizatória, eles atuam na imprensa, na política, na literatura e assumem a dimensão de figura pública engajada no debate das questões candentes do país. Política e letras caminham de mãos dadas. O período regencial e as revoltas que o marcaram, a prosperidade do Segundo Império, a Guerra do Paraguai e a campanha abolicionista são temas discutidos publicamente, com grande repercussão sobre a produção literária.

O Romantismo na literatura européia começa a ganhar corpo por volta da década de 1790, com a publicação das Lyrical Ballads, dos poetas ingleses William Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge. Escrito em 1800, o prefácio de Wordsworth à segunda edição de Lyrical Ballads, em que descrevia a poesia como o fluxo espontâneo de sentimentos poderosos, transformou-se no manifesto do Romantismo inglês no campo da poesia. William Blake era o terceiro poeta importante da fase inicial do movimento na Inglaterra. A primeira fase do Romantismo na Alemanha foi marcada por inovações tanto de conteúdo quanto de estilo e por uma preocupação com o místico, o subconsciente e o sobrenatural. Uma série de autores talentosos, como Friedrich Hölderlin, o jovem Johann Wolfgang von Goethe, Friedrich Schlegel e Friedrich Schelling pertence a esse período inicial. Na França revolucionária, Chateaubriand e Madame de Stäel foram os iniciadores do Romantismo, principalmente em razão de seus escritos históricos e teóricos.

Compreendida pelo período de 1805 a 1830, a fase seguinte do Romantismo europeu foi marcada pela aceleração do nacionalismo cultural e uma nova atenção às origens nacionais, como atestam o interesse repentino pelo folclore nativo (dança, música e poesia) e a revalorização de trabalhos esquecidos do período medieval e da Renascença. Essa apreciação pela história foi transformada em ficção por Walter Scott, considerado o inventor do romance histórico. Na mesma época, a poesia romântica inglesa atingia seu ápice com o trabalho de John Keats, Percy Bysshe Shelley e Lord Byron, este último especialmente relevante para a compreensão da produção poética da segunda geração do Romantismo brasileiro, pela sua influência sobre escritores como Fagundes Varela (1841 - 1875) e Álvares de Azevedo (1831 - 1852).

A partir da década de 1820, o Romantismo havia se desenvolvido a ponto de abarcar as literaturas de quase toda a Europa. Nessa fase, o movimento fica menos universal e ganha expressão principalmente pelo exame da herança histórica e cultural de cada país e pela exploração das paixões e conflitos de indivíduos excepcionais. Um breve panorama de autores influentes do período na Europa teria de conter os nomes de Thomas De Quincey, William Hazlitt e as irmãs Brontë, na Inglaterra; Victor Hugo, Alfred de Vigny, Alphonse de Lamartine, Alfred de Musset, Stendhal, Prosper Mérimée, Alexandre Dumas pai e Théophile Gautier, na França; Alessandro Manzoni e Giacomo Leopardi, na Itália; Aleksandr Pushkin e Mikhail Lermontov, na Rússia; José de Espronceda e Ángel de Saavedra na Espanha.

O Romantismo brasileiro deve ser compreendido em conjunto com o processo de emancipação política. A intenção de criar uma literatura independente e diferente da portuguesa deveria equivaler, no plano cultural, ao que a proclamação da independência representou no plano político. Assim, Portugal deixa de ser a principal referência literária, função que passa a ser exercida por França e Inglaterra. Embora identificado com o período de 1836 a 1880, as origens do movimento romântico brasileiro remontam ao contexto europeu e aos anos de transição entre os séculos XVIII e XIX, quando panfletos e sermões ganham destaque como veículos de idéias novas e a atividade jornalística começa a se adensar. Rica de contatos com a cultura européia do tempo, essa atividade teve papel crucial para a articulação do que alguns críticos chamam de "pré-Romantismo" e para a definição das linhas ideológicas do Primeiro Reinado e da Regência. Frei Caneca (1779-1825), Visconde de Cayru (1756-1835), Monte Alverne (1774-1823), José Bonifácio (1763-1838), além de Hipólito da Costa e Evaristo da Veiga, são alguns dos nomes mais influentes nesse momento de transição.

Convém ainda ressaltar que o Romantismo, com letra maiúscula, deve ser diferenciado do romantismo, com minúscula. O primeiro termo designa o movimento literário. O segundo, um comportamento social e afetivo sem época determinada. E o formato romance, embora tenha se desenvolvido no período, origina-se na Europa no século XVII. É, pois, anterior ao Romantismo.

Estilo e características gerais

O Romantismo é a atitude ou orientação intelectual que caracterizou diversos trabalhos de literatura, pintura, música, arquitetura, crítica e historiografia da civilização ocidental durante o período que vai do fim do século XVIII até meados do século XIX. O Romantismo pode ser visto como uma rejeição aos preceitos de ordem, calma, harmonia, equilíbrio, idealização e racionalidade que eram próprios do Classicismo em geral e do Neoclassicismo do século XVIII em particular. Até certo ponto, foi também uma reação contra o Iluminismo e o racionalismo que dele deriva. A ênfase no individual, subjetivo, irracional, imaginativo, pessoal, espontâneo, emocional, visionário e transcendental é comum a grande parte das produções artísticas do Romantismo.

Entre as atitudes características do período, é possível listar as seguintes: o aprofundamento da apreciação da natureza; a exaltação da emoção em detrimento da razão e dos sentidos em detrimento do intelecto; o exame meticuloso da personalidade humana e de suas potencialidades mentais; a preocupação com o gênio, o herói e a figura excepcional de modo geral, e o foco em seus conflitos interiores; uma nova visão do artista como criador individual supremo, cujo espírito criativo é mais importante que a adesão a regras formais e procedimentos tradicionais; a ênfase na imaginação como ponto de partida para experiências transcendentes e para a verdade espiritual; o interesse obsessivo pelo folclore e pelas origens históricas e culturais da nação; a predileção pelo exótico, remoto, misterioso, estranho, oculto, monstruoso, doentio e até satânico.

Em boa medida, é possível dizer que o Romantismo brasileiro repete as mesmas características do Romantismo europeu. Ao serem adaptadas à realidade do país, no entanto, possibilitam o surgimento de traços peculiares. Segundo o crítico Antonio Candido (1918), essa adaptação pode ser sugerida por meio do estudo de três processos: transposição, substituição e invenção. A transposição consiste em passar para o contexto brasileiro as expressões, concepções, lendas, imagens, situações ficcionais e estilos das literaturas européias, numa apropriação que se integra e dá ao leitor a impressão de familiaridade, e ao mesmo tempo faz sentir a presença das raízes culturais. A substituição, para o crítico, é um processo mais profundo do ponto de vista da linguagem e da interpenetração cultural. Nele, o escritor brasileiro põe de lado a terminologia, as entidades, as situações da literatura européia e as substitui por outras, claramente locais, com a intenção de obter o mesmo efeito. Por exemplo: substitui-se o cavaleiro pelo índio, o fidalgo pelo fazendeiro, o torneio pela vaquejada, como no romance O Sertanejo, de José de Alencar. Pode-se falar em invenção quando o escritor parte do patrimônio europeu para criar variantes originais, como ocorre num poema de Álvares de Azevedo, Meu Sonho, no qual ele fecunda o modelo da balada macabra de tipo alemão (como a Lenora, de Bürger), deformando-o a fim de obter algo diferente.

Os três processos se fazem presentes nas diferentes fases do Romantismo brasileiro, tradicionalmente subdividido em três gerações. A primeira seria compreendida entre os anos de 1836, quando se publica o livro Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães (1811 - 1882), e 1852, quando morre Álvares de Azevedo. O segundo momento teria início a partir da publicação da obra poética desse poeta, em 1853. O ponto de transição para a terceira fase seria o ano de 1870, quando Castro Alves (1847 - 1871) publica Espumas Flutuantes. Como se vê, a divisão comumente adotada tem a poesia como parâmetro. No campo da prosa literária e da crônica jornalística, os marcos são menos nítidos. Para fins didáticos e cronológicos, no entanto, procurou-se respeitar essa divisão para os verbetes que tratam das três gerações do Romantismo.

Fontes de pesquisa

AMORA, Antonio Soares. A literatura brasileira: o romantismo. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1967.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1974.

ROMANTISMO NAS ARTES VISUAIS


O Romantismo faz referência a uma visão de mundo que abrange diversas áreas do conhecimento e setores da sociedade ocidental que anuncia uma ruptura a estética neoclássica e com a visão racionalista da época da Ilustração. O termo clássico significa ordem, equilíbrio objetividade. A designação, romântico apela às paixões, às desmedidas e ao subjetivismo. A dicotomia clássico/romântico, frequentemente acionada pelos historiadores da arte, não deve levar ao estabelecimento de uma oposição radical entre os termos, já que as diferentes orientações se combinam em diversos artistas.

Por exemplo, as pinturas visionárias e fantásticas do inglês William Blake (1757 - 1827), indica Giulio Carlo Argan, ainda que próximas ao espírito romântico, tomam como modelo as formas clássicas. É possível também pensar as noções, como fazem alguns críticos, como orientações mais gerais, descoladas de localizações cronológicas marcadas, o que levaria a distinguir tendências "clássicas" ou "românticas" em diferentes épocas. A oposição clássico/romântico permitiria explicar, no limite, o desenvolvimento das artes e da cultura na Europa e Estados Unidos nos séculos XIX e XX.

Tanto o clássico quanto o romântico são teorizados entre a metade do século XVIII e meados do século XIX. O contexto onde as novas ideias se ancoram é praticamente o mesmo: as contradições ensejadas pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa que repercutem na redefinição das classes sociais (nobreza, a burguesia em ascensão, o campesinato e operariado nascente). O neoclassicismo parece coincidir com a Revolução Francesa e com o império napoleônico, e o romantismo aparece mais diretamente ligado à ascensão da burguesia e aos movimentos de independência nacional. O clássico é teorizado pelo pintor e crítico Anton Raphael Mengs (1728 - 1779) e pelo historiador da arte Johann Joachim Winckelmann (1717 - 1768), que defendem a retomada da arte antiga, especialmente greco-romana, considerada modelo de equilíbrio, clareza e proporção. À linha curva e retorcida dos estilos anteriores - o barroco e o rococó -, o neoclassicismo opõe a retidão e a geometria. O romântico, por sua vez, é sistematizado histórica e criticamente pelo grupo reunido em torno dos irmãos Schlegel na Alemanha, a partir de 1797, ao qual se ligam: Novalis, Tieck, Schelling e muitos outros. A filosofia de Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778) está na base das formulações românticas alemães e tem forte impacto no pré-romantismo do Sturm und Drang [Tempestade e Ímpeto]. O que faz de Rousseau um precursor do romantismo é o seu pessimismo em relação à sociedade e à civilização, evidente no postulado de uma natureza humana pura, corrompida pela cultura. Disso decorre a exaltação rousseauniana da natureza, da simplicidade da criação, da nostalgia do primitivo e do culto do gênio original.

O cerne da visão romântica do mundo é o sujeito, suas paixões e traços de personalidade, que comandam a criação artística. A imaginação, o sonho e a evasão - no tempo (na Idade Média gótica) e no espaço (nos lugares exóticos, no Oriente, nas Américas); os mitos do herói e da nação; o acento na religiosidade; a consciência histórica; o culto ao folclore e à cor local são traços destacados da produção romântica, seja na literatura de Walter Scott, Chateaubriand, Victor Hugo e Goethe, seja na música de Beethoven, Weber e Schubert. Nas artes visuais, o nome do alemão Caspar David Friedrich (1774 - 1840) associa-se diretamente às formulações dos teóricos do romantismo. A Cruz nas Montanhas (1808), O Viajante Sobre as Nuvens (ca.1818) e Paisagem nas Montanhas da Silésia (1815-1820), por exemplo, revelam uma natureza expressiva, nada decorativa. As grandes extensões de mar, montanhas e planícies cobertas de nuvens e/ou neblina que se estendem ao infinito, as rochas e picos, e o homem solitário em atitude contemplativa, compõem a imagística do romantismo: a natureza como locus da experiência espiritual do indivíduo, a postura meditativa do sujeito, a solidão, a longa espera etc.

O paisagismo inglês de William Turner (1775 - 1851) e John Constable (1776 - 1837) costuma ser incluído no rol da pintura romântica, a despeito das distâncias em relação à vertente alemã e das soluções diversas adotadas por cada um deles. Turner realiza telas de tom dramático, com forte movimento e luminosidade (Naufrágio, 1805, Mar em Tempestade,1820). As paisagens de Constable, por sua vez, tendem ao acento naturalista, ao tom poético e ao pitoresco: são ambientes acolhedores, compostos de casas, águas, nuvens etc. (A Represa e o Moinho de Flatford, 1811, A Carroça de Feno, 1821). Na França, por sua vez, o impacto da revolução e o mito napoleônico se refletem nos temas históricos e nas cenas de batalhas, amplamente exploradas pelos pintores. Théodore Géricault (1791 - 1824), admirador de Michelangelo Buonarroti (1475 - 1564) e do barroco, retoma o passado e a história em telas como A Jangada da Medusa  (1819). O quadro trata de um naufrágio, ocorrido dois anos antes, e da luta desesperada dos sobreviventes. O embate entre vida e morte e as relações hostis entre o homem e a natureza se expressam no movimento dos corpos e da vela, enlaçados num mesmo drama, que as formas revoltas das ondas e nuvens auxiliam a enfatizar. Eugène Delacroix (1798 - 1863), maior expoente do romantismo francês, se detém sobre a história política do seu tempo no célebre A Liberdade Guia o Povo (1850), quando registra a insurreição de 1830 contra o poder monárquico. A liberdade, representada pela figura feminina que ergue a bandeira da França sobre as barricadas, é uma alegoria da independência nacional, tema fundamental para os românticos. A imagem da luta aparece também na obra de Delacroix associada aos temas bíblicos e religiosos (A Luta de Jacó com o Anjo, 1850-1861).

No Brasil, o romantismo tem raízes no movimento de independência de 1822 e reverbera pela produção artística de modo geral, assumindo contornos diversos nas diferentes artes e nos vários artistas. Na literatura, podem ser lembrados os nomes de Gonçalves de Magalhães (1811 - 1882), José de Alencar (1829 - 1877), Gonçalves Dias (1823 - 1864), Álvares de Azevedo (1831 - 1852) entre outros. Na música, os de Carlos Gomes (1836 - 1896), Elias Álvares Lobo e Alberto Nepomuceno (1864 - 1920). A localização de uma tendência romântica na pintura histórica e acadêmica nacional impõe uma análise mais apurada dessa produção específica, e diversificada, vista por muitos intérpretes como realizada exclusivamente em moldes neoclássicos. Se neoclassicismo e romantismo se combinam em diferentes artistas europeus, como dito no início, o mesmo se verifica entre nós. Nas composições de Victor Meirelles (1832 - 1903), por exemplo, observam-se afinidades com o espírito romântico de Géricault e Delacroix.

Fontes de pesquisa

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

ARTE NEOCLÁSSICA


O neoclassicismo foi um movimento cultural do século XVIII e início do século XIX que defende a retomada da arte antiga em específico, a arte greco-romana, considerada modelo de equilíbrio, clareza e proporção. O movimento, de grande expressão na escultura, pintura e arquitetura, recusa a arte imediatamente anterior - o barroco e o rococó, associada ao excesso, à desmedida e aos detalhes ornamentais. À sinuosidade dos estilos anteriores, o neoclassicismo opõe a definição e o rigor formal. Contra uma concepção de arte de atmosfera romântica, apoiada na imaginação e no virtuosismo individual, os neoclássicos defendem a supremacia da técnica e a necessidade do projeto - leia-se desenho - a comandar a execução da obra, seja a tela ou o edifício.

A isso liga-se a defesa do ensino da arte por meio de regras comunicáveis, o que se efetiva nas academias de arte, valorizadas como locus da formação do artista. O entusiasmo pela arte antiga, a recuperação do espírito heróico e dos padrões decorativos da Grécia e Roma se beneficiam da pesquisa arqueológica (das descobertas das cidades de Herculano em 1738 e Pompéia em 1748) e da obra dos alemães radicados na Itália, o pintor Anton Raphael Mengs (1728 - 1779) e o historiador da arte e arqueólogo Joachim Johann Winckelmann (1717 - 1768), principal teórico do neoclassicismo. A edição em 1758 de Ruínas dos Mais Belos Monumentos da Grécia, de J.-D. Le Roy e de A Antiguidade de Atenas (1762), dos ingleses James Stuart e Nicholas Revett, evidenciam a intensidade da retomada greco-romana.

A escultura neoclássica tem em Roma o seu centro irradiador, nas versões de Antonio Canova (1757 - 1822), Bertel Thorvaldsen (1770 - 1844) e John Flaxman (1755 - 1826). Teseu e o Minotauro (1781 - 1783) é considerada a primeira grande obra de Canova, seguida pela sepultura do papa Clemente XIV, na Igreja dos Santos Apóstolos (1783 - 1787). Ainda que amparada em modelos semelhantes, a escultura de Thorvaldsen é vista como oposta a de Canova pelo acento no volume em detrimento do movimento e luz. A fama internacional de Flaxman advém das gravuras para a Ilíada e a Odisséia (1793).

Na pintura, o epicentro do neoclassicismo desloca-se para a França. Ali, diante da Revolução Francesa, o modelo clássico adquire sentido ético e moral, associando-se a alterações na visão do mundo social, flagrantes na vida cotidiana, na simplificação dos padrões decorativos e na forma despojada dos trajes. A busca de um ideal estético da Antiguidade vem acompanhada da retomada de ideais de justiça e civismo, como mostram as telas do pintor Jacques-Louis David (1748 - 1825), que exercita seu estilo a partir de suas estadas na Itália em 1774 e 1784 e do exemplo dos pintores franceses de Nicolas Poussin (1594 - 1665) e Claude Lorrain (1600-1682). A dicção austera das composições de David - ao mesmo tempo simples e grandiloquentes - despidas de ornamentos e detalhes irrelevantes, nas quais as cores são circunscritas pelos traços firmes do contorno, tornar-se-á sua marca caraterística. O Juramento dos Horácios (1784) e A Morte de Socrátes (1787) são exemplos nítidos da gramática neoclássica empregada pelo pintor francês, em que convivem o equilíbrio e precisão das formas. Pintor da Revolução Francesa (A Morte de Marat, 1793), David foi também defensor de Napoleão (Coroação de Napoleão, 1805-1807). Nos dois momentos, a França encena os modelos da Roma Republicana e da Roma Imperial, tanto na arte quanto na vida social, pela recusa do estilo aristocrático anterior.

A Revolução Francesa, a proeminência da burguesia e o início da Revolução Industrial na Inglaterra modificam radicalmente a posição do artista na sociedade. A arte passa a responder a necessidades sociais e econômicas. A construção de edifícios públicos - escolas, hospitais, museus, mercados, cárceres etc. - e as intervenções no traçado das cidades evidenciam a exigência de racionalidade que a arquitetura e a urbanística, nova ciência da cidade, almejam. A defesa da racionalização dos espaços é anunciada por arquitetos como Étienne-Louis Boullée (1728 - 1799) e Claude-Nicolas Ledoux (1736 - 1806), que traduzem os anseios napoleônicos de transformar arquiteturas e estruturas sociais, com ênfase na função das edificações. Tal ideário origina, paradoxalmente, projetos e construções "visionárias", como os edifícios em forma de esfera (Casa dos Guardas Campestres, 1780, de Ledoux). Após a revolução, a arquitetura neoclássica teve papel destacado na formação do estilo burguês imperial, presente, entre outros, na Rua de Rivoli e no Arc du Carrousel em Paris.

Reverberações do neoclassicismo se observam em toda a Europa. Todas as nações e cidades, afirma o historiador italiano Giulio Carlo Argan, têm uma fase neoclássica, relacionada à vontade de reformas e de planejamento racional correspondentes às transformações sociais em curso.

As dificuldades de aclimatação do modelo neoclássico no Brasil vêm sendo apontadas pelos estudiosos, por meio de análises das obras de Nicolas Taunay (1755 - 1830) e Debret (1768 - 1848), entre outros. Na arquitetura, a antiga Alfândega, hoje Casa França-Brasil, e o Solar Grandjean de Montigny, atualmente pertencente à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC/RJ, constituem exemplos de construção neoclássica no país.

Fontes de pesquisa

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

CHASTEL, André. A arte italiana. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

sábado, 27 de julho de 2019

Surrealismo


O termo surrealismo, foi criado por André Breton com base na ideia de estado de fantasia supernaturalista de Guillaume Apollinaire, traz um sentido de afastamento da realidade comum que o movimento surrealista celebra desde seu primeiro manifesto em 1924.

André Breton, autor do manifesto, o objetivo do manifesto é resolver a contradição entre sonho e realidade pela criação de uma realidade absoluta, uma supra-realidade. A importância do mundo onírico, do irracional e do inconsciente, anunciada no texto, se relaciona diretamente ao uso livre que os artistas fazem da obra de Sigmund Freud e da psicanálise, permitindo-lhes explorar nas artes o imaginário e os impulsos ocultos da mente.

O caráter anti-racionalista do surrealismo coloca-o em posição diametralmente oposta das tendências construtivas e formalistas na arte que florescem na Europa após a Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, e das tendências ligadas ao chamado retorno à ordem. Como vertente crítica de origem francesa, o surrealismo aparece como alternativa ao cubismo, alimentado pela retomada das matrizes românticas francesa e alemã, do simbolismo, da pintura metafísica italiana Giorgio de Chirico, principalmente - e do caráter irreverente e dessacralizador do dadaísmo, do qual vem parte dos surrealistas. Como o movimento dada, o surrealismo apresenta-se como crítica cultural mais ampla, que interpela não somente as artes mas modelos culturais, passados e presentes.

Na contestação radical de valores que empreende, faz uso de variados canais de expressão - revistas, manifestos, exposições e outros -, mobiliza diferentes modalidades artísticas como escultura, literatura, pintura, fotografia, artes gráficas e cinema.

A crítica à racionalidade burguesa em favor do maravilhoso, do fantástico e dos sonhos reúne artistas de feições muito variadas. Na literatura, além de Breton, Louis Aragon, Philippe Soupault, Georges Bataille, Michel Leiris, Max Jacob entre outros. Nas artes plásticas, René Magritte, André Masson, Joán Miró, Max Ernst, Salvador Dalí, e outros.

Na fotografia, Man Ray, Dora Maar, Brasaï. No cinema, Luis Buñuel. Certos temas e imagens são obsessivamente tratados por eles, com soluções distintas, como, por exemplo, o sexo e o erotismo; o corpo, suas mutilações e metamorfoses; o manequim e a boneca; a violência, a dor e a loucura; as civilizações primitivas; e o mundo da máquina. Esse amplo repertório de temas e imagens encontra-se traduzido nas obras por procedimentos e métodos pensados como capazes de driblar os controles conscientes do artista, portanto, responsáveis pela liberação de imagens e impulsos primitivos.

A escrita e a pintura automáticas, fartamente utilizadas, são formas de transcrição imediata do inconsciente, pela expressão do funcionamento real do pensamento como, os desenhos produzidos coletivamente entre 1926 e 1927 por Man Ray, Yves Tanguy, Miró e Max Morise, com o título O Cadáver Requintado). A frottage [fricção] desenvolvida por Ernst faz parte das técnicas automáticas de produção. Trata-se de esfregar lápis ou crayon sobre uma superfície áspera ou texturizada para "provocar" imagens, resultados aleatórios do processo, como a série de desenhos História Natural, realizada entre 1924 e 1927.

As colagens e assemblages constituem mais uma expressão caraterística da lógica de produção surrealista, ancorada na idéia de acaso e de escolha aleatória, princípio central de criação para os dadaístas. A célebre frase de Lautréamont é tomada como inspiração forte: Belo como o encontro casual entre uma máquina de costura e um guarda-chuva numa mesa de dissecção.

A sugestão do escritor se faz notar na justaposição de objetos desconexos e nas associações à primeira vista impossíveis, que particularizam as colagens e objetos surrealistas. Que dizer de um ferro de passar cheio de pregos, de uma xícara de chá coberta de peles ou de uma bola suspensa por corda de violino? Dalí radicaliza a idéia de libertação dos instintos e impulsos contra qualquer controle racional pela defesa do método da paranóia crítica, forma de tornar o delírio um mecanismo produtivo, criador.

A crítica cultural empreendida pelos surrealistas, baseada nas articulações arte/inconsciente e arte/política, deixa entrever sua ambição revolucionária e subversiva, amparada na psicanálise - contra a repressão dos instintos - e na idéia de revolução oriunda do marxismo (contra a dominação burguesa). As relações controversas do grupo com a política aparecem na adesão de alguns ao trotskismo (Breton, por exemplo) e nas posições reacionárias de outros, como Dalí.

A difusão do surrealismo pela Europa e Estados Unidos faz-se rapidamente. É possível rastreá-lo em esculturas de artistas díspares como Alberto Giacometti, Alexander Calder, Hans Arp e Henry Spencer Moore.

Na Bélgica, Romênia e Alemanha ecos surrealistas vibram em obras de Paul Delvaux, Victor Brauner e Hans Bellmer, respectivamente. Na América do Sul e no Caribe, o chileno Roberto Matta e o cubano Wifredo Lam devem ser lembrados como afinados com o movimento.

Nos Estados Unidos, o surrealismo é fonte de inspiração para o expressionismo abstrato e a arte pop.

No Brasil especificamente o surrealismo reverbera em obras variadas como as de Ismael Nery e Cicero Dias, assim como nas fotomontagens de Jorge de Lima. Nos dias atuais artistas continuam a tirar proveito das lições surrealistas.



FONTES DE PESQUISA

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

FER, Briony, BATCHELOR, David, WOOD, Paul. Realismo, Racionalismo, Surrealismo: a arte no entre-guerras. Tradução Cristina Fino. São Paulo: Cosac & Naify, 1998. (Arte Moderna : práticas e debates, 3).

SURREALISMO . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3650/surrealismo>. Acesso em: 09 de Jul. 2019.

Dadaísmo


O dadaísmo surgiu em 1916, por iniciativa de um grupo de artistas que não acreditavam numa sociedade que teria sido responsável pelos estragos provocados pela Primeira Guerra Mundial. A palavra dadá, significa a falta de resultado, ou seja, nada.

Esse grupo de artistas decidiram romper com todos os valores e princípios estabelecidos por ela, inclusive os princípios artísticos e estéticos da arte. O foco de difusão dessa corrente artística foi o Café Voltaire, fundado na cidade de Zurique pelo poeta Tristan Tzara, devido a publicação de diversos manifestos, o dadaísmo ficou conhecido em toda a Europa e os artistas Marcel Duchamp e Francis Picabia aderiram ao movimento.

No dadaísmo artistas plásticos e poetas trabalhavam juntos, porque o movimento propunha uma atuação interdisciplinar como a única maneira possível de renovar a criatividade nas artes. Desse modo, os dadaístas romperam com formas de pensar e fazer arte e mudou o conceito da própria arte. Os dadaístas negaram toda a autoridade crítica ou acadêmica, valorizavam toda expressão humana, inclusive a involuntária.

A arte dadaísta abriu os caminhos para movimentos vanguardistas muito importantes como o surrealismo e a arte pop.

FONTE DE PESQUISA

ARTE Moderna. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo355/arte-moderna>. Acesso em: 09 de Jul. 2019.

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

O expressionismo no cinema


As primeiras seções de cinema expressionista ocorreram no período de inúmeras mudanças políticas no final do século XIX, e com a fundação do Segundo Reich Alemão (1871), isto é, Império Alemão (Deutsches Reich), existente entre 1871 e 1918, e que compreendia o território alemão unificado (um pouco maior do que o atual), além de vários domínios ultramarinos espalhados pela África, Ásia e Oceania. A Prússia unificou 25 estados ao seu redor.

O governo do rei Guilherme I, não conseguiu exercer controle absoluto sobre a produção artística e cultural de todas as regiões, mesmo, oficializando em 1880 a produção de uma a pintura que glorificasse a dinastia do imperador Guilherme I. A oficialização de uma estética de pintura se deu principalmente pela presença de Anton von Werner (1843-1915), representante de uma linguagem artística voltada à representação de temas históricos.

Entretanto, o governo nem mesmo com medidas autoritárias conseguiu controlar as produções e artísticas e nesse período, surgiram as sessões, grupos artísticos independentes como: Die Brücke - A Ponte, fundado em Dresden, em 1905, e Der blaue Reiter - O Cavaleiro Azul, fundado em Munique, por volta de 1911. O círculo de A ponte, O Cavaleiro Azul.

Foi nesse contexto que o cinema expressionista surgiu na Alemanha em 1919, e forma tardia se comparada às demais artes e quando a literatura expressionista estava em declínio, o cinema acabaria falando de temas comuns aos seus antecessores, como a morte, a angústia da grande cidade e o conflito de gerações.

O aspecto mais importante do cinema expressionista foi,  inovação estética. Seus atores e diretores, a maioria oriundos do teatro, passaram a utilizar técnicas já desenvolvidas no palco, como o jogo de luzes e holofotes, presentes na maioria dos filmes. Em vez de movimentos de câmera, a iluminação de um detalhe, a aparência fantástica das sombras ou a máscara nas lentes da câmera compunham os efeitos mais frequentes. Os espelhos foram outro recurso importante (usado, por exemplo, para deformar rostos).

FONTES DE PESQUISA

CALHEIROS, Luis. As vésperas do expressionismo. Disponível em: <www.ipv.pt/millenium/16_pers2.htm>. Acesso em: 09/05/2018.

EISNER, Lotte. A tela demoníaca. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.

Filmes

O estudante de Praga (Der Student von Prag, Alemanha, 1913), dirigido por Stellan Rye.

O Gabinete do Dr. Caligari (Das Kabinett des Doktor Caligari, Alemanha, 1920), dirigido por Robert Wiene.

Monólogo dramático