segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

CULTURA POPULAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA



CULTURA POPULAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA



Zeneide Cordeiro, arte-educadora

INTRODUÇÃO





A valorização da cultura popular e da historicidade regional contribui para uma sociedade desenvolver a individualidade e a coletividade entre seus membros, fortalecendo a busca do desenvolvimento proveniente de sua própria criatividade e dos seus valores individuais e suas sociedades interagem com o mundo a sua volta.

As manifestações culturais são caracterizadas como capazes de significar e produzir significações de identidades regionais e pessoais, por produzir uma realidade nascida da ritualização da memória de um povo, com acontecimentos variados, permanecendo com o passar dos tempos, transforma-se e reconstrói a tradição, de acordo com as mudanças sociais, econômicas, étnicas e culturais.

Considerando a importância da valorização da cultura popular na formação intelectual de um indivíduo, este artigo mostra propostas sobre o tema citado para ser trabalhado em sala de aula durante as aulas de artes visuais.



CULTURA POPULAR





A cultura é um elemento constituinte básico da criação e identificação de uma comunidade é inerente ao próprio cotidiano e perpetua-se com o passar das gerações.

A cultura popular refere-se ao domínio coletivo onde o popular é igual à cultura, sua valorização é importante para uma construção identitária do sujeito social, na medida em que agrega valores de outros sujeitos permite de forma crítica trabalhar nos contrastes e diferênças. Conforme CUCHE (2002).





As culturas populares revelam-se na análise, nem inteiramente autônomas, nem pura imitação, nem pura criação, por isso elas confirmam que toda cultura particular é uma reunião de elementos originais e importantes, de invenções próprias e de empréstimos, como qualquer cultura elas são homogêneas sem ser, por esta razão, incoerentes. (CUCHE, 2007, P.3).





Nesse sentido, o conceito ganha ampliações que ultrapassa a visão de cultura como conjuntos de elementos delimitadores de diferênças entre diversos povos. O entendimento de cultura popular é um dos mecanismos necessários para a formação da identidade de uma pessoa.

A identidade de um indivíduo é caracterizada pelo conjunto de suas ações vinculadas em um sistema social. A cultura popular diversifica-se em face das mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas que ocorrem em uma nação está ligada a vida do homem em um estado dinâmico.





CULTURA POPULAR: CONTEÚDO A SER ESTUDADO NA DISCIPLINA ARTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA





Cultura popular e arte - educação podem adquirir significados muito diferentes, dependendo do contexto ou da sociedade a partir da qual foi pensada, numa sociedade como a brasileira, profundamente marcada por múltiplas hierarquias e desigualdades, a ideia de cultura antes tudo é associada à sofisticação, à erudição e a educação formal, uma vez aproximada à categoria popular produz uma estranha dissonância.

Para superar essa hierarquização das expressões culturais subalternas e culturais dominantes, é necessária outra visão do processo cultural como um todo, mas também da educação e da escola, valorizar a importância da cultura popular é fazê-la ocupar um lugar privilegiado de onde se pode pensar e ver criticamente os princípios sociais e a história do Brasil. Na educação brasileira falta uma hierarquização entre ensino da Arte e Arte popular nos conteúdos da história da arte, entretanto existe uma tendência de mudança em prol desse quadro, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, que atribuem critérios de conteúdos de arte e a importância do estudo e do respeito à diversidade cultural.

O PCN de Arte impõe uma revisão de currículo que orienta o trabalho dos professores e professoras de arte, com a intenção de ampliar e aprofundar um debate que envolve escolas, pais, governos e sociedade e dê origem a uma transformação no sistema educativo brasileiro através da valorização da importância do ensino e aprendizagem da Arte.

A educação artística deve ser uma educação de espontaneidade estética e de capacidade de criação manifestada pelo aluno, não deve ser aplicada de forma imposta de aceitação passiva de um ideal completamente elaborado.





Os parâmetros curriculares foram elaborados, procurando de um lado respeitar diversidades regionais, culturais, políticas existentes no país e, de outro considerar a necessidade de construir referências nacionais comuns no processo educativo em todas as regiões brasileiras. Com isso pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania. (PCN-Arte, 1998, p.5).





Nesta perspectiva é fundamental que o professor, alunos e a sociedade percebam que a arte na educação: área de conhecimento, que se refere a disciplina, é tão importante quanto qualquer outra e, requer o estabelecimento de objetivos claros, escolhas de conteúdos coerentes e planejamento adequado, de ação didática; que diz respeito a ludicidade e vivacidade da linguagem da arte.

A arte é uma linguagem manifestada desde o surgimento do homem na terra, é estruturada, modificada de acordo com diferentes culturas e épocas, de maneira singular. O conhecimento desta linguagem contribuirá para maior conhecimento do homem e do mundo, portanto, a finalidade da Arte na educação é propiciar uma relação mais consciente do homem no mundo, contribuindo na formação dos indivíduos mais críticos e criativos que, no futuro, atuarão na transformação da sociedade. Usada como estratégia didática ou área do conhecimento a arte só tem o que contribuir com o desenvolvimento da educação brasileira, embora tenha se evidenciado que há uma dificuldade dos professores em entender e trabalhar os conteúdos da disciplina Arte, tais como; poder as imagens, dos sons e movimento como fonte de conhecimentos, leitura de obras de arte, história da arte ocidental e regional.

Estes conhecimentos são importantes em sala por serem objetos facilitadores de conhecimentos de outras áreas científicas, aglutinam múltiplas formas de saber. As obras de arte além de serem objetos de apreciação estética, são o resultado de uma experiência de vida desvelada pelo processo de criação do artista e pelo sistema de signo da obra. Partilhamos da sua criação quando no momento da leitura somos interpretantes, criando signos-pensamentos, habitando a obra, recriando-a.

Ministrar aulas de arte não é só mandar um aluno fazer um desenho e pintar, ou uma colagem, uma escultura, aplicar técnicas de atividades práticas, ser professor de arte é, sobretudo ter uma grande possibilidade em ensinar atividades práticas e técnicas artísticas, com base nos conceitos da história da arte nos contextos sociais, culturais e históricos de uma sociedade e realidade do aluno. Na atualidade a escola vem se tornando o principal agente formador da criança, e tem se responsabilizado por tomar conta dessa criança, o que antes era um papel cumprido principalmente pelas famílias e depois pela escola e a comunidade. Com a maioria das mulheres trabalhando fora de casa, os resultados educacionais oriundos da pré-escola e da família ficaram definitivamente ligados. Nesse panorama, a escola passa a ser agente fundamental na formação cultural do indivíduo, enfrentando o desafio constante de reconhecer, acolher e trabalhar com as diferentes bagagens culturais que cada aluno traz consigo e que estão presentes no ambiente de sala de aula e da escola como um todo. Nesse sentido o diálogo entre diferentes culturas passa a ser fundamental para que haja troca de experiências e uma consequente ampliação do universo cultural dos alunos. ABRAMOWICZ, (2006) afirma que:





Integrar as representações culturais na aula de arte é cumprir um importante papel na difusão e socialização tanto de informações, quanto de conquistas da sensibilidade e da consciência humana. Essa estratégia pode ser capaz de favorecer o equilíbrio desejado nas chances de ampliação do conhecimento tanto individual quanto interativo. Conjugar em proporções particulares e bem dosadas o ensino da cultura popular é o mesmo que resgatar a integração do saber com prazer e sabor. (ABRAMOWICZ, 2006, p.82).





Compreende-se que é preciso repensar a formação do educador e do educando no sentido de possibilitar o conhecimento, levando em conta a totalidade do ser e do perceber a função do ensino da disciplina Arte em sala de aula deve ser tão importante como o da ciência.

BARBOSA, (2005), destaca que; “Hoje a aspiração dos arte-educadores é influir positivamente no desenvolvimento cultural dos estudantes”. Percebe-se a importância dos professores de arte em valorizar os conhecimentos culturais de cada aluno, por meio dos conhecimentos culturais dos estudantes e dos conhecimentos da arte, os alunos ganham potencialização da recepção crítica em relação a sociedade, política, cultura e arte. Através da arte, é possível desenvolver a percepção e a imaginação para apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade criadora de maneira a mudar a realidade que foi analisada. “A arte na educação, como expressão pessoal e como cultura, é um importante instrumento para identificação cultural e o desenvolvimento individual do ser humano” (BARBOSA, 2005, p.99).





























CONCLUSÃO





O objetivo desta pesquisa foi destacar a importância do estudo da cultura popular na educação básica, através da disciplina Arte.

Durante a realização deste trabalho observou-se que a cultura popular é um elemento constituinte básico da criação e identificação de uma comunidade. Apesar da sua significação e importância ainda é pouco estudada e discutida em sala de aula. Para a execução deste trabalho foram consultadas diversas bibliografias, documentários, periódicos, entrevistas em jornais e revistas, sobre cultura popular e o ensino da arte no Brasil.

A valorização da cultura popular é importante para uma construção identitária de um sujeito social, na medida em que agrega valores de outros sujeitos e permite de forma crítica trabalhar nos contrastes e diferenças.







































REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS





ASSUNÇÃO, Mathias Röhrig. A formação da cultura popular maranhense: algumas reflexões preliminares. In: Boletim da Comissão Maranhense nº 14. São Luís: CMF, agosto, 1999.



GEERTZ, Clifford. A interação das culturas. Rio de Janeiro. Guanabara, 1989.



SANTOS, Milton: O espaço do cidadão. Nobel. São Paulo, 1993.



SANTOS, Robson Ruiter Mendonça. Cultura popular e educação: cidadania e identidade na educação básica. UFMA, 2011. (Dissertação).



BARBOSA, Ana Mae, (org.) Vários autores. Arte/ Educação Contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo. Cortez, 2005.



BRANDÃO, Carlos da Fonseca. LDB passo a passo: Lei de diretrizes e bases da educação nacional comentada. São Paulo: Avercamp, 2010.



__________________. A imagem no ensino da arte. Perspectiva. São Paulo, 1991.



BUORO, Anamelia Bueno: Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte. Cortez. São Paulo. 2002.



______________________. O olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da Arte na escola. SP. Cortez, 2003.



FRANÇA, Léa Carneiro de Zumpano. O ensino de desenho, saberes e práticas das professoras de Arte: Um olhar... Muitas possibilidades. Uberlândia, 2006. (Dissertação).

FERREIRA, Carla georgea Silva. Bumba-meu quilombo: o festival de boi de zabumba em São Luís. UFMA. 2006.



PCN- ARTE. Secretária de Educação - Brasília, MEC. 1998.



PLANO MUNICIPAL DE CULTURA: decênio 2013- 2023. São Luís- MA, 2013.



REFERENCIAL CURRICULAR/ARTE 5ª a 8ª Série/ 6º ao 9º Ano. Secretária do Estado da Educação do MA- São Luís, 2010.


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